A favorita

Sou noveleira assumida.
Não do tipo que tem crises de abstinência, ou que deixa de jantar com os amigos para ver novela ou ainda que na impossibilidade de ver um capítulo o grava. Mas quando estou em casa gosto de me esparramar no sofá e assistir minha novelinha.
Só assisto a novela das oito, que passa as nove, mas cuja referência do antigo horário permanece.
E estes dias tenho estado irritadíssima com a "A Favorita".
Não aguento a linha de produção de santinhos em que ela vem se transformando;

1. Maria do Céu, uma picareta alpinista social de primeira categoria, capaz de enormes malandragens, agora só fala com a voz mansinha e não quer mais saber de dinheiro.
2. O deputado corrupto e traficante de armas teve crise de culpa, se entregou para a polícia e surgiu uma auréola sobre sua cabeça.
3. Seus dois filhos, um bêbado submisso e uma patricinha fútil se rebelaram e foram morar na periferia, trabalhando em barraquinha de cachorro quente ou dando uma de Hobin Wood e distribuindo dinheiro aos pobres.
4. A mulher qua abandonou os dois maridos e o filho para fujir com o outro e depois foi parar na Colômbia também traficando armas, voltou, ajudou todos a sua volta e mais uma crise de culpa a levou a se entregar para a polícia.
5. O Harley, que já fingiu até ser gay para desfrutar da boa vida ao lado do Orlandinho, agora é exemplo de bom caráter.
6. E agora até o Silveirnha está lutando pelo seu kit de asinhas!

Eeeeeeecaaaaaaaa!

Os vilões são mais engraçados, estão aí Flora e Dodi para comprovar.

A novela, recheada de boas e caridosas almas está cada dia mais chata e eu, noveleira assumida, deixo de assisti-la sem grande exitação, para ficar no micro, navegando pela internet e xeretando blogs alheios - bem mais interessantes.